terça-feira, 24 de setembro de 2013

Perdida na Multidão


O ar claustrofóbico rodeia-me
Como um abraço bem apertado,
De alguém que eu não goste,
Num dia completamente errado…

E fora de conversas,
Enquanto olhava distraída
Para as casas antigas
No meio destas travessas,
Fui arremessada por um sopro,
Que mais parecia o cântico de uma ménade.

Flutuei como se seguisse o aroma
De uma tarte fresquinha…
E, já num beco sem saída
Com melhor aspeto que o do filme
Um gato cinzento a tarde comia…

Mais tarde senti, que se nada
Se alterasse, a minha vida seria apagada.
E foi nesse momento que recorri a este fingimento poético
Para sonhar um dia ter um final moralmente ético.


Ângela Gonçalves