sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Constante Intemporal

Os meus pensamentos são inconstantes
E consciente da minha realidade
Elevo a minha imaginação a um outro nível,
Onde nem tudo são campos verdejantes
E reina a desigualdade…

Por um lado temos
A dor e o sofrimento
De uma comunidade
Que fora descriminada…
Tratada abaixo dos direitos humanos…

De um outro lado encontramos
A riqueza extrema
De quem pode contemplar
Estas magnificas paisagens
Sem medo de que o seu mundo vai acabar…

Tenho a sorte de nunca
Ter vivenciado a primeira.
Tristeza e revolta dos judeus
Trancados e cercados...
Tratados abaixo de cão…

Justiça foi algo que faltou.
Julgam-se pela etnia neste
Jogo religioso infantil que
Jamais poderá ser esquecido.
Javardos são os que viram tudo calados…

Tanta dor e sofrimento,
Injustiça e desprezo!
Nada pode continuar assim!
Sádicos humanos descrentes!

Sois o lixo e toda a poluição
Do "nosso" belo planeta azul
Que de "vosso" não tem é nada!

Girai em torno do inferno
Se não quereis ter como rei o Sol!

Morram longe de tudo e com angústia
Se a vossa vontade é a discriminação!

Ninguém imagina o sofrimento
De morrer sem saber a razão,
De trabalhar como um escravo
E perder aqueles que nos são mais próximos.

Ninguém sonha com mais do que
Dinheiro, poder e ilhas desertas,
Pois a vossa imaginação é tão fraca
Como estrume que não fertiliza!

Homens! Não há nada que o tempo recupere
Mas tudo ele sempre cura!
E nós somos a reviravolta
Se acabarmos com toda esta secura!

Ângela Gonçalves

Centopeia Humana

Mutilação dolorosa aquela que nos une,
Restos de sangue e de fezes
Enchem a minha boca dorida...

Ao ver aquela cara de tarado
E aqueles olhos a brilharem de excitação,
Só me apetece defecar...

É demoníaco e olha para nós
Como se fôssemos a sua melhor invenção,
A sua melhor pornografia, talvez...

O que está à minha frente
Tenta gemer de boca cheia,
Implora para conseguir vomitar,
Morre...

O demónio ri-se maleficamente...
A dor penetra o meu ser,
O cheiro é nauseabundo e confuso.
Paira no ar o diabo...
Ri-se e atinge o auge da felicidade
Por nos ver aqui,
A morrer...
Talvez da pior forma possível,
Comendo, cheiranto e vomianto desespero...

Ângela Gonçalves

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Incompreensão Irreversível

Não sei o que tenho a mais ou a menos,
Não percebo o que é aquilo que me falta…
E aquilo que podem pensar de mim
Ultrapassa-me completamente.

Não vou deixar de ser aquilo que sou,
Muito menos antes de perceber aquilo que se passa…
Dou por mim desatenta e desorganizada,
Com falta de tempo para tudo e sem jeito para nada…

Não sei aquilo que quero
E inquieta-me saber que 
Não tenho como descobrir
Aquilo que desejo ou posso fazer…

Simplesmente não percebo!
Mas também não vou fazer
Com que me magoe mais.
Vou apenas esquecer!

Não dar importância!
A vida é apenas aquilo
Que nós queremos que ela seja.
Nada pode acontecer
Se não for planeado por nós.

O futuro acontece como consequência
Dos nossos atos e pensamentos.
E não são isto apenas frases,
São factos e momentos.
Dores adormecidas, vidas sofridas,
Almas perdidas e realidades fingidas.

Não é tudo isto uma ilusão?
Todas ou alguma destas questões nos farão felizes?
Será que alguém alguma vez o sentiu?
Não sei quantos sentimentos tenho…

Estou perdida e infeliz…

Não quero voltar ao passado
E muito menos viver o presente.
Existirá algum destes tempos?

Não sei… Não sei quantas
Mais questões posso fazer
Nem quantos sentimentos
Consigo negar…

Será solução morrer?
Será que conseguirei amar?

Só queria não exigir tanto de mim
Como outrora fora, sem um fim.

Não consigo ser eu assim…

Ângela Gonçalves

sábado, 2 de novembro de 2013

O Toque Negro da Maresia

Tenho em mim um oceano
De lágrimas adormecidas pela
Ideia falsa que me dão de felicidade…

Elas são acordadas 
Pelo gigante botão de autodestruição 
Da máquina dos sonhos.

Primeiro um, depois outro…
E assim, lentamente, deixam-me em mil pedaços.

Os nós que eram duplos e fortes
Desfazem-se como simples laços.
A dor que estivera em coma
É bem pior tê-la do que 
Nunca mais poder ir a "roma"…

Despejo em ti toda a minha frustração.
Sofro de constantes erupções interiores
Que vou manifestando silenciosamente.

Acumulo energia como uma rocha
Prestes a colapsar com enorme tensão.
E nada disto se poderá comparar
Com a teoria do ressalto elástico…

Quero apenas poder libertar-me,
Deitar fora toda a energia negativa
Que me afunda em todos os 7 mares…

A paixão nunca mais se acendeu em mim,
O ódio é algo que não pode escapar-me…
Sofro de tanta dor que se apodera desta 
Pseudo simbiose que tem comigo…
Jamais poderei viver feliz assim e aqui.
Só preciso de caminhar para um final.

Deixar-me prosseguir sem olhar para trás,
Viver como se de nada fosse capaz…

Só resta esperar que me afogue em paz…


Ângela Gonçalves