domingo, 23 de fevereiro de 2014

Pedra no Sapato do Amor

Vagueio pelas ruas,
Perco-me em lágrimas 
Que outrora foram tuas…

As feridas que te sarei
E todos os caminhos que percorri,
Foram pelo amor que nunca senti…

Agora paro!
Dói porque já não há mais nada para doer….

Dispo-me de tudo aquilo que foi teu.
Deambulo na escuridão, sem medo,
Porque tudo aqui é claro como o breu…

Conheço tudo como a palma da minha mão.
Tudo menos a ti, 
Que acabaste partindo o meu coração…

Foste tudo aquilo que eu achei perfeito,
Acabaste como o pior aperto do meu peito….

A desilusão foi fatal
A recompensa irreal.

Tirei os sapatos,
E a felicidade de um novo amor
Venceu!


Ângela Gonçalves

Flor de Lótus I

Eu não gosto de flores!

São essas flores de tantos amores
Que me dão, agora, tantas dores.
Não sei de amores ou de sentimentos aterradores
Dos quais só guardei rancores…

São sombras, são vidas,
Momentos a dois, inesquecíveis…
Onde o lume se ateia 
E a pureza de lótus fala por si!

Esse grito de amor, não abre flor.
Na primeira luz do nosso dia
Respira o mundo de fantasia,
Em todas as pétalas inferiores…
Nasciam e erguiam-se outros amores,
Cresciam e vomitavam de alegria…
Essa vida que em todo o lado cabia,
Mas Lótus não era apenas fazer amor…
Flor, essa vida de tanta cor,
Trazia-me tanto sentimento complexo
Vivia com prazer, amor e nexo,
Desabrochava todas as manhãs,
E era Lótus a favorita do sexo!

Deixa aromas em lareiras a fumar,
Deixas-me pela tua seiva a salivar…
Fazes-me arder o sonho
E acabo despida só de pensar
Nesse mar cinzento tristonho,
Que outrora fora azul e risonho…
Façamos estrelas em nós mergulhar,
Neste segundo, na fração do olhar…
Acordei no seio do sonho,
Desejosa por florir!

A saudosa alma despir,
Pétala a pétala a desabrochar 
E nosso coração embalar…

O teu coração bate forte, consigo ouvir
Inalando a fome de amar
E desejosa para tudo recomeçar…


Ângela Gonçalves & Francisco Leonardo

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

À Volta do Riacho

Seguíamos juntos a um riacho,
E, enquanto o meu olhar a seguia…
Nada mais o meu coração preenchia,
Senão a pura água que escorria…

Sobre si uma parreira tinha belo cacho,
E doce era o seu aroma, o seu sabor
Que repetia vezes até ao coma,
A vida e a frescura do seu sabor…

E eu, apenas observava a paisagem,
Sempre focado no seu olhar…
Até que, um pormenor da Natureza,
Me deu vontade de estagnar…

Era essa pura e cintilante beleza,
A chama do nosso caminhar
Onde residia luz para a vida
E a fé por nossos passos acolhida.

Aquela pedra ali, cheia de vida,
Mas inútil aos olhos de todos
Fez-me despertar do coma,
Trouxe-me até ao mundo dos sonhos!

Eram mares de sonhos
Aqueles que a nós nos rodeavam
E o sangue fervilhavam,
Matando aqueles rumos tristonhos...

Pedras que estão no meu caminho,
Erguem o meu íntimo,
Elevam o todo e qualquer ser
E um obstáculo não é ilegítimo,
Mas certamente que nunca virá sozinho…

Certa era a hora,
Que tornava tal sonho incerto,
Mas ele rondara por perto
E a nossa paz se fez, por este riacho fora.

Ângela Gonçalves & Francisco Leonardo