Finjo nas minhas lágrimas
Um ideal incapaz do meu alcance…
Um futuro que vejo de relance,
Um espanto para as minhas mágoas…
O gemer do vento que sopra de leste,
Enquanto saboreio as tuas palavras carinhosas,
É como se estivesse a flutuar no paraíso…
Perco-me na visão do futuro,
Na minha alma tudo está escuro.
Procuro por mim pela estrada fora
E tudo o que encontro são apenas fragmentos da minha memória…
A réstia visão de que o mundo era bom,
O sentimento de felicidade,
Inundava o meu ser de ilusões…
Dou por mim caída,
Gemendo de dor,
Sufocando sofrimento,
Desejando a despedida…
Não posso querer cair,
Não tenho como fugir,
Não consigo corrigir
Nenhum dos meus erros
E alcançar os objetivos
Que outrora me faziam feliz…
Finjo a minha dor para poder saber o que é o amor,
Finjo a minha prisão para apreciar a liberdade,
Finjo o feio para gostar do belo
Finjo a luta para desejar a paz…
Finjo ser de outro mundo para me sentir em casa…
Finjo como se não houvesse amanha…
Sou feliz como se o ontem nunca existisse
E vivo o presente como uma condição universal…
Desejo o futuro
como se fingisse
Que ele é o inatingível.
Morro jovem e sábia
De palavras tristes
E desgostos constantes…
Sequeosa demais para um mundo potável.
Irresponsável fugaz sentido sem nexo.
Corre em mim sangue puro…
Volto para o meu quarto escuro e
Fico fingindo o meu futuro…
Ângela Gonçalves
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