quarta-feira, 6 de maio de 2015

Lisboa Conquista

(Sem aparente ligação,
Um Fado musical me levou a ti.
Lisboa, cidade de Portugal,
Trouxeste meu amor,
Deixaste recordação...)

No meio daquela multidão,
Amanheceu a tarde fria
E acordou o meu coração...
Soube que assim o era
Quando os meus olhos
Encontraram os teus,
Pela primeira vez...

A primeira reação,
O primeiro pensamento,
A primeira emoção,
Tudo tão espontâneo...
E meu corpo, num turbilhão,
Foi envolvido no teu abraço
Forte, mas cheio de amor...

(Êxtase, em cada centímetro
Da minha pele.
Agarrar um corpo
Nunca foi tão agradável.
É mais do que atração...)

O aroma do teu perfume preencheu-me
O teu beijo derreteu palavras doces
O meu coração palpitava forte...

(Momento mágico...
Espontaneidade...
Nada te define melhor.)

Não há palavras capazes de descrever
Aquilo que vivemos, juntos...
Não há gesto que se repita, em vão.

(Vou recordando na minha memória
Enquanto imortalizo o nosso dia.
Os primeiros minutos ao teu lado,
Minutos de uma vida...)
Mas o que foste para mim, Lisboa, afinal?
No meio da multidão, em Lisboa, fomos só nós...
Amor, o adeus é breve, do coração não irás partir...

(Parti e tu ali ficaste, esperando por mim...
Lisboa, não marques o fim.)

Meu desejo é ter aquele dia a qualquer hora,
Ser a felicidade da tua alma
E, ao mesmo tempo, a energia que te acalma.
Amor, hoje és só tu e eu...

Olhar Lisboa, do outro lado do mapa,
É (re)viver todo o meu mundo,
Como da primeira vez...

Meu sentimento, minha história.
Lisboa, ficarás na memória...



Ângela Gonçalves
11-02-2014 (?)

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Vício

Julgava-te desaparecido,
Mas resolveste voltar a aparecer.
Dás sentido à minha vida
E magoas sem dar conta do que andas a fazer…

Julgava-te perdido,
Em caminhos onde mais ninguém 
Te pudesse descobrir..
Ficaste fraco e deixaste
Que te voltassem a encontrar…

Julgava-te sozinho,
Mas tens bastante companhia
Para te entreter.
Deste cabo da nossa relação
E nem te preocupas
Em como a resolver.

Julgava-te extinguido
Só que algo tão forte
Não acaba assim…

Julgava-te só meu
E nunca tive eu algo
Tão forte só para mim.
Sou livre de julgar,
Mas foi por isso que
Todo o mundo me perdeu…

Ângela Gonçalves
28-07-2014

Cálculos Soltos

Não sei quantas peças tenho
Nem tenho na memória pequenas fórmulas
Para as poder montar…

Não sou um génio da matemática
Nem tenho vontade de me esforçar…

A Terra gira, o sangue circula nas veias…
O vento assobia, o mar revira as areias…

Tudo cada vez mais desregulado,
Todo o meu corpo está acidentado.

Procuro algo, mas não sei bem o quê.
Viajo sem rumo, apesar de procurar um fim…

Perco as forças e nunca as estribeiras,
Olho de lado o futuro real…

Tenho o meu próprio mundo
Na minha pequena realidade.
Deito fora o real,
Fico na parte imaginária.

Nunca fui um génio da matemática.
No entanto, no meu mundo, nada é complexo
E sou a rainha do imaginário.

Olho para o passado olhos nos olhos.
Nunca tive medo dele.
Afinal, ele nunca mais vai voltar.
E eu, ainda poderei ser um verdadeiro génio da matemática!

Ângela Gonçalves
05-07-2014

Mundo (Id)eal

Estou preso numa sociedade
Onde ninguém sabe quem é.
É triste ver uma realidade
Onde se mostra mais do que aquilo que somos.

É ridículo observar significados distorcidos…
(Uma juventude perdida e escumalha parola.)
Nós, parcialmente apanhados distraídos,
Acabamos aqui, perdidos, assistindo ao jogo da bola.

Que mais devo eu fazer?
Devo realmente abrir a pestana aos demais
Ou desatar a fugir no final da primeira parte?
Não devo sequer ter mais do que uns míseros reais
Para poder ter o Poder de fazer algo…

Lá no fundo, também não sei quem sou…
Mas, estou consciente do que se passou!

Emiliano Fagundes (Heterónimo)
22.06.2014

O Meu Desafio

É o desafio aquele que me leva a continuar,
O desejo voraz que não me deixa parar
E a conquista plena da qual não me posso libertar!

O desafio é desafiar-me,
Levar-me mais além
E, acima de tudo, amar-me…

A conquista é insaciável
Quando a descoberta é impossível…
E um homem assim é sábio!

Não por achar que o é,
Não por fazer para o ser…
É um dado adquirido
Querer sempre mais e mais!

E o meu desafio é esse mesmo,
Superar-me em tudo o que faço
A cada dia que passa…

Ângela Gonçalves

Solidão Ponderada

Paredes sólidas, Brancas,
De tamanha tristeza e escuridão…
Contemplo-as como se mais nada
Eu tivesse para além desta infindável solidão…

Estupidez propositada aquela de quem não quer ver
E julga por aquilo que pensa ali estar…
Este é o pecado mais feio dos comuns mortais,
Dos quais resta a sede como consequência
De se negarem a viver,
Ou por pensarem naquilo
Em que devem ou querem crer…

E quem não sofre deste pensamento comum
Acaba num canto fechado, sozinho e de jejum.
Perdido em lágrimas de quem tentou ser superior
E fracassou…

Mas não sou como os comuns mortais
Nem faço parte dos demais
Que se refugiaram no choro e na solidão…

Conquistarei o meu próprio Mundo,
Com as minhas próprias regras e sem julgamento…
Terá tudo aquilo que me ficou gravado na memória
Em ponto superior e melhorado,
Pois é dos fortes que reza a história!

Ângela Gonçalves

O Erro é a Base do Universo

Se errar é humano, 
Não seremos todos um erro?
Não será a minha vida 
Uma incognita perdida?

Farei eu mais do que sobreviver?
Deverei aprender a viver?

Limito-me a aqui estar
E nem sei o que ando a fazer…
Que fez o Mundo para eu o merecer?

A minha vida é uma incógnita sofrida.
Desespero, horror, ódio…
Tanto sentimento negativo
E nem tenho um pódio onde os colocar…
Não há uma ordem em que os possa manter
E nem sempre merecem ser,
Pela minha alma, exprimidos.

Sou o erro mais capaz
De todo o Universo.
Aprendo nele a errar
Com toda a minha pequena força.

E, invadida por todo este pensamento
Não deixo de ser uma incapaz alma incompreendida…

Ângela Gonçalves

Comida

A maior beleza é aquela 
Que vem de um frigorífico cheio. 
E quando este está vazio
Percorre a minha espinha o calafrio
Mais horrível de toda a existente vida...

Um dia sem comer na solidão da noite
Preenche, não só um vazio no estômago,
Mas também um vazio no Monte
Que consigo avistar da janela do meu quarto
Enquanto a minha face se reflete debaixo da ponte.

O Monte dos desejos me inunda
E debaixo da ponte acordo
Com um hálito podre e de barriga vazia...
A manhã era muito fria
E é nela que concordo
Que não há melhor do que comida...

O simples som de uma baguete,
A estalar acabadinha de sair do forno,
Faz me lembrar as manhãs
Em que a minha mãe também me servia um bolo.
(Saudades daqueles pequenos almoços sublimes...)

Acompanho este pequeno almoço reforçado
Com um belo sumo muito açucarado.
(Ai, imaginação! Levas-me tão longe...)
Meu estômago pede comida,
E nada mais desta triste vida...

Ângela Gonçalves & Pedro Matias

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Doença Terminal

Espasmo cardíaco irregular,
Soluçar lacrimoso por demais amar,
Solidão poda aquela que quero viver
Leva a cabo a depressão e retira da vida todo o prazer…

Escárnio que sinto por parte dos outros,
Nojo que demonstro perto de gente.
Quero isolar-me no passado
Enquanto todos vivem Um presente…

É deprimente todo o meu ser.
sou vítima da minha ausência de prazer
Gozo por não poder brincar
E pelo caminho passo sem volta a dar…

Mas eu não quero!

Não quero continuar a sofrer.
Faço de tudo para aqui ficar…

Não quero!
Não posso continuar a sobreviver…


Ângela Gonçalves