quarta-feira, 30 de julho de 2014

Comida

A maior beleza é aquela 
Que vem de um frigorífico cheio. 
E quando este está vazio
Percorre a minha espinha o calafrio
Mais horrível de toda a existente vida...

Um dia sem comer na solidão da noite
Preenche, não só um vazio no estômago,
Mas também um vazio no Monte
Que consigo avistar da janela do meu quarto
Enquanto a minha face se reflete debaixo da ponte.

O Monte dos desejos me inunda
E debaixo da ponte acordo
Com um hálito podre e de barriga vazia...
A manhã era muito fria
E é nela que concordo
Que não há melhor do que comida...

O simples som de uma baguete,
A estalar acabadinha de sair do forno,
Faz me lembrar as manhãs
Em que a minha mãe também me servia um bolo.
(Saudades daqueles pequenos almoços sublimes...)

Acompanho este pequeno almoço reforçado
Com um belo sumo muito açucarado.
(Ai, imaginação! Levas-me tão longe...)
Meu estômago pede comida,
E nada mais desta triste vida...

Ângela Gonçalves & Pedro Matias

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